É de se pressupor que, quanto mais a
humanidade avança em tecnologia, maiores sejam os seus conhecimentos a respeito
do planeta onde vive. Mas não é bem assim. Há relatos, por exemplo, de que
antes de o tsunâmi arrastar consigo inúmeras vidas no leste da Ásia, os animais
fugiram das partes baixas, procurando abrigo nos lugares mais altos, enquanto
as pessoas, envolvidas em seus afazeres, de nada se aperceberam, pois
desaprenderam de observar os sinais enviados pela natureza, como se fosse
corpos estranhos inseridos nela.
As pessoas que viviam no norte da Europa há cerca de 10.000 anos atrás,
eram descendentes dos primeiros humanos modernos, ou Homo Sapiens, que chegaram
ao norte da Europa cerca de 30.000 - 40.000 anos atrás.
Numa terra praticamente virgem, homens, mulheres e crianças viviam em
bandos isolados uns dos outros.
Alimentavam-se
do que conseguiam com uma agricultura muito rudimentar, da caça e do que
simplesmente catavam no mato. Eram seminômades, ou seja, ficavam num lugar
apenas tempo suficiente para comer o que estava ao seu alcance, aí levantavam
acampamento e iam embora. Suas vilas não eram nada mais do que simples
acampamentos. Não construíam muita coisa além de totens ou amontoados de
pedras. Não criaram escritas. Não tinham sistema político e seus líderes eram
uma mistura de patriarca com guia espiritual.
A natureza era a expressão máxima da
Deusa Mãe. A divindade máxima era feminina, a Deusa Mãe, cuja manifestação era
a própria natureza e por isso a sociedade embora não fosse matriarcal mesmo
assim a mulher era soberana no domínio das forças da natureza. A religião era
politeísta com características animistas, sendo os ritos quase sempre
realizados ao ar livre.
Naquele tempo, ainda que
o homem vivesse da caça e também derrubassem árvores, havia uma interação entre
ele e a natureza. Embora desconhecesse seus “mistérios”, sentia-se parte dela,
tanto é que, ao arrancar uma árvore pedia licença ao espírito que nela morava,
ou ao matar um animal, rezava por sua alma.
Bem antigamente, o
sagrado estava por toda parte, presente em todas as coisas da natureza:
montanhas, rios, animais, árvores, vento, relâmpago, chuva, mar, sol, etc. O
homem sentia-se como parte desse encantamento que era a natureza, sabedor de que
era ela a responsável por sua vida.
De acordo com muitos
historiadores, o surgimento das religiões monoteístas deu-se em razão do homem que
vivia no deserto onde a natureza era rude, perversa e castigava-o. Por sua vez,
as religiões monoteístas mudaram toda a visão que o homem tinha sobre a
natureza, o homem tirou a divindade da Terra e a transcendeu bem distante do
planeta. E o homem passou a dominar a Terra, basta ver na Bíblia em Gêneses o
recado transmitido ao poderoso humano:
“Frutificai e multiplicai-vos;
enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do
céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.”
Assim, as religiões
monoteístas desmistificaram os espíritos dos rios, dos ventos, dos animais, das
árvores, do ar, etc. O homem passou a ser senhor absoluto da Terra, não mais
devendo nenhum respeito a qualquer forma de vida, nem mesmo aos de sua espécie.
De humilde receptáculo dos elementos da natureza, que recebia como dádiva de
mãe tão generosa, o homem inverteu a hierarquia de valores: a natureza passou a
ser subserviente e submissa a ele, num processo de imolação sem tréguas. A
ideia passou a ser a de que tudo no planeta foi criado por Deus com o objetivo
único de servir o homem, o grande soberano, da forma que ele bem entendesse.
Quanto mais progresso, mais violência contra a natureza.
E, por isso, os espíritos da Terra estão ganhando
vida, retribuindo o desrespeito com inúmeras desgraças.
Diz a Bíblia que
somos nós a “Coroa da Criação”.
Olhem, veja o que fazemos
ao nosso “Planeta Terra”!
Matamos por ano
bilhões de aves e animais. Destruímos milhões e milhões de acres de florestas
todos os anos. Poluímos todos os rios que estejam ao nosso alcance. Depredamos
cardumes de peixes e baleias. Já extinguimos sem pensar, por esse “direito
bíblico”, dezenas de espécies de seres vivos.
Todos já devem ter
ouvido a frase “Animais ameaçados de extinção”. Pois é, somos nós que os
estamos extinguindo. E não venha me falar que a culpa não é do homem, é do
pecado.
Poluímos nossos
ares com milhões e milhões de toneladas de lixo gasoso a cada segundo. Nos
matamos uns aos outros aos milhares, todos os anos, pelo mais diversos
motivos...
E nós cremos nos
dizemos escolhidos.
Eu particularmente
não creio nisso. A verdade mostra-se outra.
Somos sim, “Coroas
da Criação” de coisa alguma.
Temos sim, é muita
soberba, ganância e falta de educação ecológica, falta de respeito e falta de
amor pelo nosso planeta.
Nosso planeta está
doente. E somos nós, “Pretensos Eleitos Divinos”, os causadores desta doença.
Estamos matando
nossa morada a Terra. E assim caminha a humanidade!