Fragmento papyrus P52, o mais antigo manuscrito do Novo Testamento secunda metade do século II |
Em
1926 o filólogo Frances, Dom Henri Quentin (1872-1935) disse: “Todos nós somos ignorantes, só que em
assuntos diferentes. O cumulo da ignorância é quando alguém tenta defender uma
tese sem saber a origem daquilo que defende”.
Quentin,
falava dos religiosos fundamentalistas que ao ler o Novo Testamento pensam
estar lendo uma cópia exata das palavras de Jesus ou dos escritos de seus
primeiros seguidores.
Não
temos os “originais” de nenhum dos livros que vieram a compor o Novo
Testamento. O que temos são cópias dos originais, cópias de cópias de tantas
outras cópias produzidos por copistas influenciados pelas controvérsias
teológicas, políticas e culturais de seu tempo.
Os
erros acidentais e mudanças intencionais fazem parte destes manuscritos, o que
torna a reconstrução das palavras originais impossíveis. Portanto, todos os
esforços de interpretação serão inúteis se não temos certeza, de que estamos
interpretando o texto correto.
Bart
D. Ehrman, Ph.D. em Teologia pela Princeton
University e autor do livro “The
Orthodox Corruption of Scripture” disse: “Nossos “manuscritos” mais antigos das cartas de Paulo datam
aproximadamente de 220 d.C., isto é, cerca de 150 anos depois que ele as
escreveu...”
“Após o século IV ou V, cópias dos
livros se tornaram muito mais comuns. Na verdade se contarmos todos os
manuscritos do Novo Testamento que foram descobertos, temos um número total
impressionante. Atualmente, conhecemos cerca de 5.400 cópias gregas de todo ou
de parte do Novo Testamento, variando de pequenos fragmentos que cabe na palma
da mão até tomos maciços contento todos os 27 livros copilados. Essas cópias
vão do século II até, a invenção da imprensa no século XV”.
“... O fato de termos milhares de
manuscritos do Novo Testamento não significa por si só que podemos ter certeza
de sabermos o que o texto original disse...”
Continua
nos esclarecendo Ehrman: “...devo
insistir que não é simplesmente uma questão de especulação acadêmica dizer que
as palavras do Novo Testamento foram modificadas nos processos de cópia.
Sabemos que foram modificadas porque podemos comparar essas 5.400 cópias umas
com as outras”. “... Há mais diferenças entre nossos manuscritos do que há
palavras no Novo Testamento”. (Bart D. Ehrman, Lost Christianities,
Oxford University Press – 2008)
Podemos
concluir afirmando que não há duas cópias iguais em suas palavras dos
manuscritos existentes.
Você
pode passar a vida toda acreditando, de todo o seu coração, que o galo que
canta no terreiro de seu vizinho é um cachorro. Mas ele nunca deixará de ser um
galo.
É
hora de repensar nosso entendimento do que é o Novo Testamento.
Papyrus P66, Evangelho de João 7.32-38, Século II |
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