No entusiasmo dos primeiros dias
de descoberta, antes que o material escrito pudesse ser adequadamente avaliado,
alguns notaram diversas semelhanças superficiais entre o ensino e a prática de
Qumran e os do Cristianismo. Conclui-se rapidamente que as origens do
Cristianismo deviam ser buscadas nesta seita judaica (os essênios).
Considerações mais abalizadas, porém, mostra que este quadro é bastante falso.
As diferenças entre os dois sistemas são enormes e não existe qualquer
fundamento para pensar que o Cristianismo está ligado á seita de Qumran.
Passaram-se cerca de 68 anos
desde o dia em que um jovem pastor beduíno da tribo dos Ta’amireh descobria
acidentalmente numa gruta inacessível junto a Wadi Qumran, à beira do Mar
Morto, um grupo de antigos manuscritos hebraicos e aramaicos depositado em
jarras.
Os resultados dessas descobertas
são igualmente conhecidos: das onze grutas recuperaram-se milhares de
fragmentos provenientes duns 800 manuscritos diferentes; tais manuscritos
cobrem a totalidade da Bíblia hebraica e uma grande quantidade de escritos em
que nos são revelados a organização, as crenças e as aspirações religiosas da
antiga seita judaica.
Um dos elementos mais
sensacionais dessa descoberta foi à antiguidade dos textos: todos os
manuscritos são anteriores à catástrofe do ano 70 e uma boa parte procede dos séculos
II e I aC. Outro elemento fascinante é que agora, pela primeira vez, possuímos
uma grande quantidade de obras religiosas que chegam diretamente até nós
completamente livres de qualquer intervenção posterior; tanto da intervenção da
censura judaica, como da censura cristã.
A razão para as semelhanças
superficiais nos ensinamentos está no fato de que o Cristianismo toca
repetidamente e rapidamente na maneira de pensar do povo judeu da época e
oferece a sua própria solução. O problema é que o Cristianismo como nós
conhecemos se distanciou enormemente do judaísmo do primeiro século, deixando
as raízes do judaísmo para trás a partir do quarto século Greco-romano.
Portanto, não existe nenhuma evidência clara de qualquer contato direto com a
comunidade de Qumran e os primeiros seguidores de Jesus e muito menos do
Cristianismo pós-quarto século.
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