Ícone do Jesus Gnóstico |
Nos
séculos II e III, havia muitas versões diferentes da história e dos ensinos de
Jesus. Pelo ano 325 d.C., representantes dos vários grupos diferentes do
Cristianismo reuniram cada um com suas escritas. As disputas não só eram sobre
a divindade de Jesus, mas também sobre qual destas escritas eram autênticas.
Naquela
época não havia nenhum “cânon” do Novo Testamento. O cânon que possuímos hoje é
um desenvolvimento da Igreja Católica que colecionou, descartou, alterou e até
mesmo inventou muito do que lemos hoje no Novo Testamento, com o objetivo de atender aos interesses da Igreja e
que muitos acreditam serem inspiradas.
Os
debates teológicos referente à cristologia dos séculos II e III provocaram
intensa rivalidade entre os vários grupos de cristãos. Antes do IV século, um
destes grupos o que se aliou ao Império Romano (Igreja Católica Romana), tinha
derrotado a oposição, denominando a si mesmo detentora da “ortodoxia” e marcando
a ferro todas as crenças rivais como “heresias” e todos os outros grupos de
“hereges”.
Assim
como nos grandes conflitos políticos e culturais, nas batalhas pela supremacia
religiosa os vencedores não publicam as verdadeiras visões de seus oponentes.
Os vencedores não só escreve a história eles as distorcem. Assim, no
Cristianismo primitivo, a maioria dos escritos das partes perdedoras nas
disputas pela dominação foi destruída, esquecida ou simplesmente não foi
reproduzida para a posteridade – perdida de uma forma ou de outra.
Manuscrito Nag Hammadi |
Isto
simplesmente significa que Roma ganha porque destruíram toda a evidência
contrária as crenças religiosas da grande e poderosa Igreja nascente. Se você
destrói todas as escritas das posições teológicas adversárias e queimam todas
as bibliotecas você ganha através da falta de comparação. Duas gerações após as
pessoas já não se lembrará da verdade e aceita a mentira como “ortodoxia”. Isto
foi exatamente o que aconteceu.
É
claro que o pouco que foi encontrado é espetacular. Descobertas começaram a ser
feitas de modo significativo já no século XVII, intensificando através dos
tempos, em diligentes buscas na Grécia, no Egito e em outros lugares, e à
medida que expedições arqueológicas desenterravam tesouros inesperados e
beduínos inadvertidamente tropeavam em achados cujo valor jamais sonhara.
Em 1945, um beduíno encontrou um jarro de
cerâmica numa escavação próxima a aldeia de Nag Hammadi no Alto Egito. No jarro
havia vários livros escritos em idioma copta antigo. Algumas folhas amareladas
foram usadas para alimentar o fogão a lenha de sua casa. As restantes caíram
nas mãos de um religioso local, circularam no mercado de antiguidades e foram
resgatadas por um funcionário do governo egípcio. Mais tarde, descobriu-se que
a “lenha” era um tesouro de valor incalculável: a coleção de Nag Hammadi é
composta de 13 livros com 1600 anos e histórias que a Igreja tentou abafar durante todo esse tempo.
Mas não conseguiu. Depois de sobreviver ao tempo e à censura religiosa, o
achado tornou-se o maior e mais importante acervo de evangelhos apócrifos*,
literatura que tem ajudado a elucidar vários mistérios sobre as origens do Cristianismo.
A maioria dos escritos de Nag Hammadi foi
produzida entre os séculos I e III e seus autores faziam parte das primeiras
comunidades cristãs. Nesse acervo, é possível conhecer livros que ficaram de
fora do Novo Testamento, como evangelhos de Tomé e Tiago. O interessante desses
relatos é que destoam bastante do que aparece no Novo Testamento. Neles, Jesus
tem um lado humano, Madalena é uma grande líder, Jesus não fala sobre pecado, a
necessidade de arrependimento e morte expiatória... Diferenças polêmicas que
deixam claro por que os apócrifos sempre foram uma pedra no sapato da Igreja. Eles representavam outro
cristianismo, não oficial, marginalizado. Eles têm grande valor histórico e
religioso porque mostram novas interpretações sobre a figura de Jesus na origem
do Cristianismo.
A hipocrisia religiosa do IV século chega
até os dias de hoje quando, ainda, o Vaticano, mantendo sua tradição de enganar
as pessoas, tenta com todas as forças evitar que esses manuscritos sejam
divulgados. E por quê? Acontece que os manuscritos apontam certas discrepâncias
e invencionices históricas, confirmando que o Novo Testamento foi manipulado
para satisfazer os interesses da Igreja. O desejo da Igreja moderna é de
suprimir esses documentos, antes que eles abalem o frágil alicerce do
Cristianismo.
Os antigos manuscritos cristãos revelam
que o Novo Testamento não nasceu pronto e acabado e que os textos que servem de
base para a atual doutrina cristã passaram por um complicado processo de
“edição”. Também deixam claro que, ao contrário do que se imaginava, o Cristianismo
praticado hoje não era o único nos primeiros séculos. Existiam vários Cristianismos,
cada um com sua própria interpretação da vida de Jesus e seus ensinamentos.
Quem lê os escritos deixados por esses grupos pode conhecer outros pontos de
vista sobre uma história contada há mais de 2000 anos.
O
importante é que estes textos não estão nas mãos da Igreja, portanto, não
correm o risco de serem corrompido como foi o Novo Testamento.
*O termo “apócrifo” significa
“diferente, “não reconhecido” e “estranho”. Mas não se trata dum significado
rigoroso, pois a palavra grega apocryphos quer dizer “escondido” e aplica-se aos
livros que se ocultavam do público, para serem consultados apenas por uma
classe privilegiada. Nada de ultrajante encerra o termo, já que os livros, pelo
contrário, dispunham de certo valor, nem por todos compreendidos.
Neste
blog você irá encontrar uma reunião de informações dos mais diferentes
seguimentos do saber, das ciências e das artes.
Espero
que gostem, aguardo seus comentários e sugestões. Z3view@gmail.com
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