segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A fascinante religião pré-histórica da Inglaterra

Segunda parte


Zé Carlos em Avebury
Dando continuidade a última postagem, hoje  eu quero mostrar dois períodos em que a Inglaterra teve no passado: O Neolítico e a Idade do Bronze. Vamos ver como o homem daquela época se comportou fazendo religião e sepultando seus mortos.

Neolítico (4.000 – 2.500 a.C.)

O Neolítico pode ser definido como o momento em que os ser humano passa a dominar a natureza, iniciando desenvolvimento da agricultura e da pecuária. O homem torna-se então sedentário, abandonando o nomadismo que o caracterizava.

É também o período de construção dos monumentos megalíticos. São grandes construções de culto aos mortos e de rituais religiosos.

Os monumentos podem ter dois aspectos: menir e o dólmen. O primeiro é um bloco de pedra colocado verticalmente. O menir é certamente o monumento megalítico mais puro e mais simples: Uma pedra bruta ou apenas retocada, colocada no solo. Desde que se estudam estas pedras erguidas, todos se interrogam sobre seu real significado. Se os dolmens tinham uma utilidade imediata e hoje reconhecida, servindo de túmulos e às vezes de templos, os menires são antes símbolos, testemunhos deixados pelos homens do Neolítico às gerações futuras. O menir tem quase sempre a forma fálica, alguns contêm incisões em relevo, de significado desconhecido.

Menir
O dólmen consiste em duas ou várias lajes de pedra fixadas verticalmente entre as quais repousa horizontalmente uma terceira laje. Os dolmens são dos mais importantes e sem dúvida os mais disseminados monumentos megalíticos. Os dolmens foram sem dúvida túmulos. Os dolmens não são monumentos excepcionais e a pratica de sua construção devia ser coisa corrente durante dois milênios. Alguns foram descobertos à apenas um século. Estes monumentos são pedras largas e compridas colocadas horizontalmente sobre outras verticais, como mesas sobre as suas pernas.

É neste período que os cultos adquiriram uma estrutura mais organizada: as festividades acompanhavam a Roda do Ano e comemoravam datas importantes do calendário agrícola. Os rituais para os mortos passaram a ser mais importantes; por volta de 3.500 a.C., começaram a serem construídas as câmeras mortuárias dólmen. No dólmen eram sepultados apenas os ossos dos cadáveres, depois de serem descarnados ao ar livre pelas aves de rapina, estes eram enterrados com vasilhas de comida e bebida, armas, vários objetos pessoais e jóias.

Dólmen
 Alguns túmulos eram cercados de pedras no formato de círculos, com uma dupla finalidade: impedir que os espíritos dos mortos vagassem sobre a terra e para protegê-los de entidades espirituais maléficas. Um possível exemplo é Avebury no sul da Inglaterra, no condado de Wiltshire, onde existe um famoso círculo de pedra.

É um dos melhores e maiores monumentos Neolíticos da Europa, datando de 5.000 anos atrás. Originalmente era composto por 200 pedras eretas, pesando até 60 toneladas cada, que se encontravam dispostas em três círculos; uma combinação de fosso e rampa rodeava o conjunto. Sua finalidade original é desconhecida, embora os arqueólogos acreditem que ele pode ter sido utilizado para o culto aos antepassados.
Avebury, Inglaterra foto By: Z3 View
Os cultos aos ancestrais desempenhavam um papel fundamental a cultura Paleolítica, pois os antepassados eram vistos como protetores e guias da comunidade e deviam ser honrados.

Idade do Bronze (2.500 – 600 a.C.)

Pelo ano de 2.500 a.C., um afluxo de migrantes instalou-se na Inglaterra. Esses recém-chegados foram chamados os Beaker people (povo da taça) por causa da forma dos vasos de cerâmica, que são tão freqüentemente encontrados em suas tumbas. Os recém-chegados, embora poucos num primeiro momento parece ter se instalado rapidamente no sul da Inglaterra. O povo Beaker eram agricultores e arqueiros, eles também foram os primeiros metalúrgicos na Inglaterra, trabalhando primeiro em cobre e estanho, e mais tarde o bronze, que deu seu nome a esta época. 

Eles viviam freqüentemente agrupados em cemitérios familiares. A divindade principal ainda era a Mãe Terra, que assegurava a sobrevivência de todos os seres e recebia em seu ventre sagrado os mortos à espera do renascimento.

Um exemplo de túmulo daquela época é o monte de Silbury Hill. Silbury Hill é um monte de terra artificial a 40 metros de altura, é o mais alto monte feito pelo homem pré-histórico da Europa. Um dos monumentos mais misteriosas da Inglaterra. Construído camada por camada por mais de 100 anos, teve seu término por volta de 4.500 anos atrás. Uma investigação feita pela BBC em 1969 descobriu um estreito corredor que conduzia a uma câmera funerária subterrânea.
Silbury Hill, Inglaterra foto By: Z3 View
Esta representação de corredor e câmera (com formas uterinas) representa o canal vaginal e o útero materno. Ao lado das ossadas ali sepultadas eram intencionalmente depositadas urnas quebradas, que simbolizavam a deterioração do corpo físico e a liberdade do espírito. Colocavam também estatuetas femininas e colares de âmbar, precioso não apenas por serem jóias, mas também por serem oferendas para a Deusa Criadora e Ceifadora da Vida. A sociedade daquela época era matrilinear e matrifocal e a mulher eram vista como representante da Deusa na Terra e era sempre respeitada e honrada.

Stonehenge é um conjunto megalítico construído há milênios na planície de Salisbury, na Inglaterra. Embora profanado pelo tempo e pelos homens, em nada se perdeu da sua beleza e de seu esplendor. Stonehenge é construído, em sua parte central, por enormes monólitos de pedra azul que, segundo a opinião dos geólogos, deve ter sido trazida das montanhas Presely, a sudoeste do País de Gales (cerca de 213 Km em linha reta). Nos círculos mais externo é realmente formada por pedras locais, mas primorosamente preparadas.

Durante séculos especulou-se sobre as finalidades dessa estrutura. Mas um arqueólogo acredita ter encontrado finalmente o verdadeiro significado de Stonehenge, cercado de mistério durante mais de 4.500 anos.
Santuário de Stonehenge, Inglaterra foto By: Z3 View
Analisamos a revolucionária teoria do arqueólogo britânico Mike Parker Pearson, que considera este antigo monumento o centro de um dos maiores complexos religiosos pré-históricos do mundo. A sua equipe encontrou provas surpreendentes que embasam uma nova interpretação de Stonehenge e das pessoas que o construíram.

A poucos quilômetros de Stonehenge, as revelações começam quando a equipe descobriu a primeira evidência de que existiu ali um assentamento há 4.500 anos. Com pelo menos 300 casas, é o maior assentamento da Idade da Pedra no norte da Europa. No centro está às ruínas de um misterioso segundo círculo. As escavações e os testes de carbono revelaram que esse monumento perdido era, na verdade, uma réplica aproximada de Stonehenge, mas feito de madeira, e que os dois círculos foram erguidos ao mesmo tempo.

Stonehenge
Enquanto investigam como os dois podem estar relacionados, os arqueólogos já fizeram outra descoberta surpreendente: havia uma avenida imponente com 30 metros de largura feita de sílex prensado, saindo do segundo círculo de madeira de Durrington Walls. É a única via desse tipo encontrada na Inglaterra, e segue diretamente para o rio Avon, localizado nas proximidades. Houve outras descobertas mais impressionantes. Fossas cheias de ossos de animais dão pistas sobre a vida do antigo povo que construiu Stonehenge. Escavações para pilares encontradas numa colina acima do rio podem fornecer novas idéias sobre a forma como eles tratavam os mortos - e o papel que o grande círculo de pedra tinha nos rituais.

Parker Pearson acredita que Stonehenge foi construído para ser um centro religioso onde se realizavam solenes cerimônias aos antepassados. As novas escavações revelam que ele era ligado por grandes avenidas, destinadas a procissões, a outro grande círculo, construído em madeira - que representaria o mundo dos vivos. O monumento está alinhado com o nascer do Sol no Solstício de Inverno e com o Pôr-do-Sol no Solstício de Verão.



Neste blog você irá encontrar uma reunião de informações dos mais diferentes seguimentos do saber, das ciências e das artes.
Espero que gostem, aguardo seus comentários e sugestões. Z3view@gmail.com






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