terça-feira, 29 de abril de 2014

Prosa de Pescador

Contos
Prosa de Pescador

O fim do dia se aproximava. Sobre a serra da Mantiqueira, o sol parecia apagar-se, tingindo de rubro os fiapos de nuvens que emolduravam os contornos da serra. As garças levantavam vôo e se recolhiam empoleirando em suas árvores. Era sexta-feira, hora do peixe frito. No Bar do Peixe lá no bairro das Pedras hoje São Geraldo onde os piraquara se reuniam para comer curimbatá frito, beber cachaça e contar causos de pescador. Eles eram em número de uns seis que ali estavam.
De repente, eis que surge diante deles Zé Jacinto convidado há tempos pelo Juvenal.
- Ôooo Zé Jacinto até que em fim você apareceu. - Juvenal disse.
- É só tô de passagem. – resmungou Zé Jacinto meio sem jeito.
- Senta aí e toma uma com a gente. – Dito falou. – Garcia, traga uma cachaça das boas pro o Zé Jacinto.
- Estamos aqui escutando um causo do Mané Ferpudo. Vaz vinte anos que Ferpudo conta este causo e até hoje não terminou. – disse Juvenal e todos caíram na gargalhada.
- Ué! Vocês nunca deixa terminar, sempre estão me interrompendo. – resmungou Ferpudo.
- Sabe Jacinto, Ferpudo tá tentando contar um causo de um pescador tal de Pedroso que vivia por estas bandas. Conta aí Ferpudo, conta. – Juvenal disse.
Enquanto Garcia servia cachaça e peixe frito, Tambira se aconchegou em um velho e tosco banco de pau.
- Naqueles tempos vivia por estas bandas um pescador chamado Pedroso...
- Xiiii, já vai principiar tudo de novo. – interrompeu comentando Ludovico.
Todos caíram na gargalhada.
- Viu só. Por isso é que nunca termino de contar o causo. – reclamou Ferpudo.
- Tá bom continue. – Falou Juvenal.
- Naqueles tempos...
Burburinho de risos.
- Naqueles tempos vivia por estas bandas um pescador chamado Pedroso, um dia ele foi procurado pelo vigário da Vila de Santo Antônio, o padre Vilela que queria ter uma prosa com ele. - Ferpudo fez uma pausa para dar uma mordida num curimbatá frito e tomar um gole de cachaça. 
- continua Ferpudo, continua. – disse Firmino.
- Padre Vilela queria tratar de uma maracutaia um tanto misteriosa. Na verdade o causo principia quando um figurão chamado Assumar ia passar por aqui e o padre queria impressionar o homem. Vocês sabem, vigário gosta de bajular. – Ferpudo fez outra pausa.
A essa altura todos já estavam embriagados e a maioria já nem ouvia o que Ferpudo dizia.
- Padre Vilela disse para o Pedroso encher uns três balaios de peixe e esconder dentro d’água na curva do rio. – com voz pastosa continuou o Mané Ferpudo. – Ladino que nem um gato Pedroso fez tudo direitinho...
A esta altura Ferpudo já estava roncando. Jacinto dá um cutucão no pé de Ferpudo e diz:
- Eita parou por quê? Continua o causo.
- Então né... - Ferpudo deu uma parada pra se situar no causo.
Ainda com a voz pastosa Mané Ferpudo continua:
- Todo bom pescador sabe que na curva de rio não dá peixe por causa do rebuliço das águas, mas Pedroso não estava ali pra pescar era só fingimento, então ele e mais dois companheiro subiam e desciam o rio puxando a rede esperando o sinal pra virar os balaios de peixe na canoa. Dentro da canoa um embrulho misterioso enrolado em folha de bananeira.
Depois de um cochilo a turma toda estava empolgada com o causo de Mané Ferpudo.
- Mais me diga uma coisa Ferpudo, que maracutáia é essa do vigário? – perguntou Fermino.
- Tá com muita pressa, espera eu terminar o causo. – retrucou Mané Ferpudo.
- Então vai lá. Continue. – Dito falou.
- Pois é... Antes de encher a canoa com os peixes do balaio Pedroso de vez em quando passava no porto e gritava pra turma que ali estava. Ferputo ficou em pé e gritou. - Tá ruim hoje não tá dando nada.
- Garcia traga mai peixe. – alguém da turma gritou.
- Daí veio o sinal pro Pedroso encher a canoa de peixe. Quando ele chegou ao porto Itaguaçu com a canoa cheia de peixe a turma ficou espantada. Todos queriam saber como foi que aconteceu. O dia estava ruim pra pesca, minuto antes à canoa estava vazia e der repente à canoa estava quase afundando com o peso de tanto peixe. O que foi que aconteceu? Era a grande pergunta. – completou Ferpudo.
- E daí como foi que Pedroso se explicou? – perguntou Zé Jacinto.
- Calma que eu chego lá. - Ferpudo falou.
- Então fala do embrulho misterioso enrolado na folha de bananeira. – Quis saber Juvenal.
- Óia... o papo tá bom mais tenho que ir embora se não dona Maria vai por eu pra dormir com o cachorro. – Ferpudo disse e foi saindo.
- Mas Ferputo termina o causo. – gritou Juvenal.
- Sexta-feira que vem eu termino. – gritou Mané Ferpudo.

J. Carlos Ribeiro
                                                                                                                       














domingo, 20 de abril de 2014

Revendo Fatos Históricos: O Cristianismo e a Bíblia

“Muitos fizeram comércio de ilusões e falsos milagres, enganando os ignorantes”
Leonardo Da Vinci
A Bíblia foi criada pelo homem como um relato histórico de uma época conturbada, e ela se desenvolveram através de incontáveis traduções, acréscimos e revisões. Portanto, o que se encontra na Bíblia não são palavras sagradas e sim um monte de regras de valores éticos para tentar colocar ordem em Roma. A história nunca teve uma versão definitiva do livro. É como se a Bíblia fosse um livro mitológico repleto de lições de moral por trás das diversas histórias encontradas nela. Porém a maioria dos fiéis toma a Bíblia como verdade e acreditam nas histórias absurdas contidas no livro. A verdade por trás da Bíblia, poucos sabem. E este era o objetivo da Igreja Católica. Esconder a verdade dos fiéis.

Antigo manuscrito grego do Novo Testamento
Jesus foi uma figura histórica de uma influencia incrível, talvez o mais enigmático e inspirador líder que o mundo jamais teve. Interessante dizer que sua vida foi registrada por milhares de seguidores em toda a região. Foram estudados mais de 80 evangelhos para compor o Novo Testamento, e, no entanto apenas alguns foram escolhidos: Mateus, Marcos, Lucas e João.

Pode-se dizer que o responsável pela criação da Bíblia foi o imperador romano, Constantino, o Grande. Constantino foi pagão a vida inteira, batizado apenas na hora da morte. Vale lembrar que na época de Constantino, a religião oficial de Roma era o culto de adoração ao Sol – o culto do Sol Invictus, ou do Sol Invencível -, e o imperador supramencionado era o sumo sacerdote.

Jesus em referência ao deus sol
Entretanto, Roma estava passando por um momento crítico em relação à religião. Nessa época estava ocorrendo uma revolução religiosa. Trezentos anos após o tempo de Jesus, seus seguidores haviam se multiplicado, resultando em uma luta entre cristãos e pagãos. O conflito chegou ao ponto de dividir Roma ao meio, levando Constantino a tomar uma atitude. O imperador, em 325 d.C. resolveu unificar Roma sob uma única religião: o cristianismo. Constantino utilizou várias estratégias para converter os pagãos adoradores do Sol em cristãos: fundindo símbolos, datas, rituais pagãos com tradição cristã em ascensão, ele gerou uma espécie de religião híbrida aceitável para ambas as partes. Ou seja, sincretismo.

Imperador Constantino o Grande
Os vestígios da religião pagã na simbologia cristã são inegáveis. Os discos solares egípcios tornaram-se as auréolas dos santos católicos. Os pictogramas de Ísis dando o seio a seu filho Hórus milagrosamente concebido tornaram-se a base para nossas modernas imagens de Virgem Maria com o Menino Jesus no colo. E praticamente todos os elementos do ritual católico – a mitra, o altar, a doxologia e a comunhão, o ato de “comer Deus”, por assim dizer – foram diretamente copiados de religiões pagãs místicas mais antigas.

Pode-se, portanto, concluir que nada é original no cristianismo, não existindo nem sequer um simbologista especializado em símbolos cristãos.
O Deus pré-cristão Mitra – chamado o Filho de Deus e a Luz do Mundo– nasceu no dia 25 de dezembro. Até mesmo o dia santo semanal dos cristãos foi roubado dos pagãos. Originalmente a cristandade celebrava o sabá judeu no sábado, mas Constantino mudou isso de modo que a celebração coincidisse com o dia em que os pagãos veneram o Sol. Até hoje, a maioria dos cristãos guardam o domingo sem fazer a menor idéia de que o domingo é um tributo semanal ao deus Sol, e por isso em inglês o domingo é chamado de Sunday, “dia do Sol” (Brown – 2004).

Poderoso símbolo do Mitraísmo (British Museum, London)
Para cristalizar a nova tradição cristã, Constantino criou o Concílio de Nicéia, que consistia em uma reunião ecumênica. Durante essa reunião muitos aspectos foram debatidos e receberam votação, como a data da Páscoa, o papel dos bispos e a administração dos sacramentos, “além, naturalmente, dadivindade de Jesus”.

Para conseguir unificar novamente o Império Romano e para lançar as bases do novo poderio do Vaticano, bastava declarar Jesus, o homem que todos veneravam, como um homem de origem divina. Deste modo, todos seguiriam suas palavras, até das mais absurdas, elaboradas por Constantino e o Concílio.
Concilio de Niséia ano 325 d.C.
Constantino, ao declarar oficialmente Jesus como “Filho de Deus”, transformou-o em uma divindade utópica, que existia além do alcance do mundo humano, cujo poder era incontestável. Ninguém poderia questionar suas palavras divinas, apenas obedecê-las. Cegos pela ignorância, os romanos passaram a seguir fielmente as palavras de Jesus elaboradas pelo Imperador e seu Concílio.

Isso não só evitava mais contestações pagãs à cristandade, como os seguidores de Jesus  poderiam se redimir através do canal sagrado estabelecido – a Igreja Católica Romana. Tudo não passou de uma disputa de poder. Cristo, como Messias, era fundamental para o funcionamento da Igreja e do Estado. Muitos estudiosos alegam que a Igreja Católica Romana literalmente roubou Jesus de seus seguidores originais, sufocando sua mensagem humana ao envolvê-la em um manto impenetrável de divindade e usando-a para expandir seu próprio poder (Brown - 2004).
Constantino aproveitou que todos respeitavam e veneram Cristo, e o usou para conseguir colocar ordem em Roma novamente. Para conseguir manter seu poder, utilizou como base algumas palavras de Jesus e construiu a Bíblia, resultando em um livro onde se encontra o que seria o certo e o errado segundo a ótica do Imperador. Pode-se dizer que “Constantino moldou a face da cristandade como a conhecemos hoje em dia”, diz Brown (2004).
Porém há milhares de documentos contendo crônicas da vida de Jesus como um homem mortal, pois Constantino o nomeou como divindade quase quatro séculos após o tempo de Jesus. A Bíblia feita por Constantino “omitia os evangelhos que falavam do aspecto humano de Cristo e enfatizada aqueles que o tratavam como divino. Os evangelhos anteriores foram considerados heréticos, reunidos e queimados”, aponta Brown (2004).

Convém dizer que a pessoa era considerada herege ao escolher os evangelhos proibidos ao invés da Bíblia Constantino. Neste momento da história surgiu, portanto, a palavra herege. Como diz Brown (2004): “A palavra latina hereticus significa “escolha”. Aqueles que “escolheram” a história original de Cristo foram os primeiros hereges do mundo.”

Entretanto, para a felicidade de alguns historiadores, conseguiu-se preservar alguns evangelhos que Constantino tentou extinguir. Em 1945 foram encontrados manuscritos coptas em Nag Hammadi, Egito. Também foram encontrados no deserto da Judéia na década de 50 os Manuscritos do Mar Morto em uma caverna perto do Qumran.

Além de contarem a verdadeira história do Graal, esses documentos falam do mistério de Cristo em termos muito humanos. Naturalmente, o Vaticano, mantendo sua tradição de enganar os fiéis, tentou com todas as forças evitar que esses manuscritos fossem divulgados. E por quê? Acontece que os manuscritos apontam certas discrepâncias e invencionices históricas, confirmando claramente que a Bíblia moderna foi compilada e revisada por homens com um objetivo político – promover a divindade do homem Jesus Cristo e usar Sua influência para solidificar a própria base de poder desses mesmos homens (Brown – 2004).
Pode-se dizer que o Clero dos dias atuais acredita que esses documentos que contradizem a divindade de Jesus são um falso testemunho. Para ele, a Bíblia de Constantino sendo foi verdadeira. “Não há ninguém mais doutrinado do que o próprio doutrinador” (Brown - 2004).
E sim, resgatem os segredos escondidos nas entrelinhas da história da humanidade! – afirmo.
Pode-se concluir que o cristianismo é a religião que teve a criação mais impura e falsa de todos os tempos. Sua criação não passou de uma estratégia para obter poder. Porém, vale lembrar-se dos verdadeiros atos e as verdadeiras palavras de Jesus; o que este homem quis nos passar é o importa. É importante enxergar além daquilo que está ao nosso alcance. Às vezes, as belas verdades estão no mais fundo esconderijo, e poucos conseguem vê-la. Pessoas, em sua maioria, dominadas pela preguiça e cegas pelo padrão que lhe é imposto, raramente conseguem despertar uma vontade de buscar o que realmente aconteceu e adotar uma nova ótica. O comodismo domina os humanos de tal forma, que a vida que levam rodeadas de mentiras, é bela mesmo assim. Mas nada como ver além do horizonte coberto de invencionices!







Manuscrito P52

O manuscrito P52 é um fragmento do Evangelho de João, escrito em grego, o papiro contém parte do capítulo 18 do citado evangelho, sendo que, na frente, contém os versículos 31 – 33 e, no verso, os capítulos 37-38.


Os historiadores que estudaram o fragmento no século XX afirmam que o P52, tenha sido escrito entre o período de 100 a 125 d.C. Pesquisas atuais argumentam que o estilo da escrita, leva a data entre 125 a 160 d.C.


O P52 é um fragmento do Novo Testamento mais antigo que se conhece. Foi encontrado no ano de 1920, por Bernard Grenfell no deserto do Antigo Médio Egito. Atualmente está exposto na Biblioteca de John Rylands, Manchester, Inglaterra.