segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A fascinante religião pré-histórica da Inglaterra

Terceira parte

Idade do Ferro (750 a.C. – 42 d.C.)

Antigo símbolo Celta 
A Idade do Ferro foi um período onde os humanos de todo o mundo começaram a aprender a extrais e derreter este metal para fabricar armas, ferramentas e utensílios.

O uso do ferro foi, ao longo dos anos, se espalhando pelo mundo, e chegando à Grã-Bretanha por volta de 750 a.C. E tornando-se conhecido dos celtas por volta de 450 a.C..

Para a história, os celtas surgiram – bem timidamente, é verdade – por volta de 500 a.C., segundo testemunho deixado pelos gregos, depois pelos romanos. Mas isso não significa que eles não tenham existido antes dessa data: as descobertas arqueológicas mais recentes indicam que a civilização estaria em algumas regiões da Europa desde o fim da Idade do Bronze, isto é, entre 900 e 700 a.C. Fala-se até em “protoceltas”, sem que se possa definir com precisão a qual etnia pertencia, nem sua área de ocupação.

A aparição dos celtas, não importa qual seja sua especificidade, corresponde ao início da utilização do ferro, o que faz com que, com freqüência, se confunda a civilização céltica com da Idade do Ferro.

Reconstrução de uma casa Celta
Não existiu uma raça céltica, como também nunca houve um império céltico nos moldes romanos: o que uniu os celtas foi uma comunidade de língua, religião, estrutura socioculturais e, em última analisa, um estado de espírito. Aqueles que chamamos de celtas não passam, na sua origem, de uma pequena elite guerreira e intelectual que se sobrepôs, em um dado momento, aos povos que habitavam a parte ocidental da Europa. Essa elite “celtizou” as populações nativas e arrasto-as em sua agitação política, cultural e religiosa. Assim, nasceram as civilizações célticas.

Na religião céltica os druidas eram sacerdotes, a natureza e as questões sobre respeito à vida acima de qualquer coisa é o ideal de um druida, sendo curandeiros possuíam o papel de curar a si mesmo, a comunidade e a natureza. Como os maiores sábios e seres dotados de dons especiais, os druidas eram conselheiros de reis e sacerdotes das tribos. Praticamente tudo que é sabido sobre os druidas, foi relatado por historiadores gregos e romanos que tiveram contato com os celtas nos séculos que antecederam ao cristianismo. Descreveram como poderosos sacerdotes dos povos celtas, sábios e juristas, poetas, contador de mitos e lendas, místicos e conselheiros. 

A raiz da religião dos celtas era a baseada na reverência a Grande Deusa Mãe. A natureza era a expressão máxima da Deusa Mãe. A divindade máxima era feminina, a Deusa Mãe, cuja manifestação era a própria natureza e por isso a sociedade celta, embora não fosse matriarcal, mesmo assim a mulher era soberana no domínio das forças da natureza. A religião celta era politeísta com características animistas, sendo os ritos quase sempre realizados ao ar livre. O calendário anual possuía várias festas místicas, como o Imbolc e o Belthane, assim como celebrações dos equinócios e solstícios.

Os celtas eram conhecidos pela cremação de seus mortos (normalmente, isso é visto como uma forma de libertar as almas dos mortos do receptáculo de carne), que os diferia dos povos anteriores, que enterravam os corpos em monumentos tumulares. 
Sabemos pouco sobre esses povos tão influenciadores de mitos em toda a Europa, porque eles não usavam a escrita para transmitir sua sabedoria, praticando a tradição oral como meio de preservação de seu conhecimento. Ao contrário de religiões que têm como base textos sagrados dogmáticos, os celtas não ficam limitados a escrituras ou leis.
Um celta segue as estações do ano, e o ciclo da Natureza. Um celta não segue regras como qualquer religião, pois tudo é baseado na naturalidade e no amor que a natureza perfeita criou seus rituais não devem ser escritos, mais sim sentidos no fundo do ser e conectado ao universo com a inspiração que é denominada como magia.

O mistério de um celta é a conexão do ser com a Natureza, outra pessoa, o mundo em que vive seu trabalho, seu alimento, seus desejos mais intensos. Tudo emana energia do ser o ser é energia. Toda energia é sagrada e deve ser respeitada e honrada. Assim como todas as formas de vida sem exceção.

Os druidas não construíam templos, pois criam que, para adorar os deuses da natureza, o melhor a fazer era integrar-se a essa natureza. O próprio termo “druida” está relacionado às árvores – uma tradução aproximada dos componentes originais da palavra é “aquele que tem a sabedoria do Carvalho”, árvore venerada pelos druidas.

O fato inquestionável, contudo, permanece que a cultura celta possuía – como costuma acontecer em sociedades não-urbanas – uma íntima e profunda ligação com a Natureza e seus ciclos; isso fica claro nos festivais sagrados celebrados pelos druidas em cada uma das estações do ano, honrando a transformação e as mudanças da paisagem e dos ciclos da vida. Quando as legiões romanas invadiram as terras celtas, trazendo consigo os conceitos da urbanização e da guerra de anexação, o druidismo sofreria um golpe fatal.

Mas é bom deixar claro que nem druidas, nem celtas eram “ecologistas”, hippies “paz e amor” ou tranqüilos “mestres zen”: a cultura celta, como todas as de origem indo-européia, era belicosa e a guerra era parte dessa sociedade. Muitas disputas, até mesmo entre druidas, eram decididas na ponta da espada. Estamos falando da Idade do Ferro européia.

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