sábado, 30 de julho de 2016

Êxodo bíblico


O mito do êxodo hebreu no Egito é provavelmente um dos temas mais complicados a ser abordado pela a Arqueologia, isto porque fala justamente de crença religiosa de muitas pessoas da atualidade, e este assunto deixa os ânimos extremamente sensíveis. Infelizmente, apesar de abortar crenças modernas, ele tem sido tratado de forma tão pouco rigorosa que acaba sendo alvo de documentários e matérias esdrúxulas que criam um cenário bizarro.
O que torna a narrativa do êxodo hebreu tão polêmica é que, apesar de toda a manifestação em volta desta história, em termos de cultura material ou outros escritos que não sejam bíblicos não existe nada que fale da ocorrência de um êxodo da magnitude demonstrada no Antigo Testamento que tenha ocorrido no Egito, ou mesmo que se tenha existido uma comunidade israelita na época em que apontam a ocorrência do êxodo.
Embora a afirmação de que os egípcios jamais narravam suas derrotas seja válida em termos teóricos, na prática, a Arqueologia trabalha não só com documentos escritos, mas também com a cultura material, artefatos. Não há registro arqueológico ou histórico da existência de Moisés ou dos fatos descritos no êxodo. A libertação dos hebreus, escravizados por um faraó egípcio, foi incluída na Torá provavelmente no século VII a.C., por obra dos escribas do Templo de Jerusalém, em uma reforma social e religiosa. Para combater o politeísmo e o culto de imagens, que cresciam entre os judeus, então inventaram um novo código de leis e histórias de patriarcas heroicos que recebiam ensinamentos diretamente de Deus. A prova de que esses textos são lendas estaria nas inúmeras incongruências culturais e geográficas entre o texto e a realidade. Muitos reinos e locais citados na jornada de Moisés pelo deserto não existiam no século XIII a.C., quando o êxodo teria ocorrido. Esses locais só viriam a existir 500 anos depois.

Mosteiro de Santa Catarina e ao fundo Monte Sinais
Também não havia um local chamado Monte Sinai, onde Moisés teria recebido os Dez Mandamentos. Sua localização atual, no Egito, também é tardia. Por volta de 327 d.C, Helena mãe do imperador romano Constantino, construiu uma igrejinha na Península do Sinai. Em 527 d.C., Justino edificou o Mosteiro de Santa Catarina.

Embora em Gálatas capítulo 4 e versículo 25, o Monte Sinai se chama Monte Horebe, em Êxodo capítulo 3 e versículo 12, a Montanha onde Moisés esteve pastoreando, quando vivia com o sogro Jetro, ficasse em Midiã, na Arábia Saudita: para facilitar o turismo religioso, o inóspito local onde mitologicamente YHWH falou com Moisés através da Sarça ardente, foi transferido para o Monte Sinai, que fica no Egito, na Península do Sinai, cerca de 250 quilômetros do Monte Horebe.

Muitas pessoas acreditam em crenças mitológicas, eu fico com os fatos da arqueologia e dos relatos históricos.

Sou Deísta.

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