sábado, 28 de janeiro de 2017

OS PRIMEIROS BRASILEIROS E O MAIS ANTIGO BEIJO JÁ PINTADO


No sudeste do Piauí, um gigantesco museu a céu aberto possui numerosos sítios arqueológicos, outrora habitados por homens e animais pré-históricos, que deixaram sua presença registrada na forma de fósseis, artefatos e pinturas rupestres.
Durante a pré-história, a Serra da Capivara foi densamente habitada por povos caçadores e coletores primitivos. Sabe-se que desde meados do século XVII até o início do XIX, os nativos passaram por um trabalho de catequização jesuítica.
Ao mesmo tempo, com o processo de conquista do território, foram dizimados até a extinção. As terras foram então transformadas em fazendas de gado e pequenas lavouras.
As pesquisas arqueológicas na região iniciaram-se em 1970 e a primeira expedição científica para a área foi realizada em 1973, em colaboração com o governo francês. Hoje, são mais de 500 sítios arqueológicos catalogados, onde foram encontrados esqueletos humanos, artefatos de pedra polida e cerâmica, pinturas rupestres, restos de fogueiras e fósseis de animais pré-históricos hoje extintos, como tigres dente-de-sabre, lhamas, tatus e preguiças gigantes.
O Parque, criado em 1979, foi incluído na lista  de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1991. Três anos mais tarde, foi assinado um convênio entre o Ibama e a Fumdham para gestão conjunta do Parque.
Na Serra da Capivara  existem evidências da presença humana que remontam há 50 mil anos. Ainda não se sabe exatamente como o homem teria chegado ao continente americano, nem como teria ocorrido seu povoamento. Sabe-se, no entanto, que entre 50 mil e 12 mil anos atrás, grupos humanos habitavam a Serra da Capivara - que, na época, tinha clima úmido. Inovavam tecnicamente, escolhendo entre os recursos existentes: faziam instrumentos cortantes, raspadores e perfuradores com pedra ou madeira. 
Há 30 anos, a arqueóloga Niède Guidon tenta provar que o homem chegou à América muito antes do que se imaginava. Formada na Universidade de Sorbonne, na França, essa paulista de Jaú se mudou em 1992 para a cidade de São Raimundo Nonato para estudar a vida dos primeiros habitantes do Brasil no hoje famoso Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí.
A arqueóloga Niède Guidon
Nos últimos dois anos, a datação de pinturas rupestres no parque com cerca de 35 mil anos e de dentes humanos de 15 mil anos atrás promete sacudir o estudo da chegada no homem à América. A teoria mais aceita sobre o povoamento do continente diz que o homem veio pelo estreito de Behring, entre a Rússia e o Alasca, por volta de 13 mil anos atrás. Apesar de a equipe da arqueóloga já ter encontrado, há mais de uma década, restos de uma fogueira de 48 mil anos, a descoberta foi encarada com ceticismo por outros pesquisadores, que diziam que a fogueira poderia ter surgido de uma combustão espontânea. “A idéia de que o homem veio para a América há 13 mil anos são da década de 50”, diz Niède. “De lá para cá, as novas descobertas têm mostrado que ele já estava aqui há muito mais tempo.”
Os abrigos sob rocha que possuíam caldeirões eram utilizados como pontos de caça, enquanto espaços mais abertos viravam moradia.
Entre 12 mil e 5 mil anos, o clima semiárido foi-se instalando na região e um novo período cultural se desenvolveu.
Um dos achados importantes foi à descoberta de uma pintura que estava coberta por uma camada de calcita. Essa calcita foi retirada pelo professor Shigueo Watanabe (do Instituto de Física da USP, em São Paulo), que a datou em 35 mil anos. Portanto, as figuras têm, no mínimo, essa idade. Foram encontrados também dentes humanos datados em 15 mil anos.
Mais de mil pinturas rupestres foram descobertas nas imediações da Pedra Furada. Quero chamar a atenção para a emblemática pintura rupestre da nossa serra da Capivara, o fascinante “O Beijo”. Para mim, a mais emocionante das pinturas, aparentemente, retrata um beijo. Mais singela impossível. É fácil imaginar que esteja representando outra coisa também. Que nem sejam figuras humanas (faltou o abraço). Mas, sem dúvida, a ideia é a mais bela. E é com essa que fico me inspirando.
"O BEIJO" pintura rupestre na Serra da Capivara, Piauí, Brasil


Fonte:
Superinteressante.
Artigos: Kátia Kishi, Sérgio Abranches e Anne-Marie.






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