terça-feira, 25 de setembro de 2012

É autêntico o Novo Testamento?

Fragmento papyrus P52,
o mais antigo manuscrito
do Novo Testamento
secunda metade do
século II
Os religiosos cristãos, mais exatamente protestantes e evangélicos são unânimes em não dar credibilidade a alguns dos antigos textos cristãos que não foram incluídos na Bíblia. Embora quase sempre desconhecido do grande público – em parte devido à resistência dos chamados “lideres religiosos”, especialmente os mais conservadores -, muitas vezes esses textos costumam chocar o leitor. No entanto, alguns também podem complementar a nossa crença (fé). Mas a liderança cristã vê neles uma “ameaça” aos cânones da igreja. No entanto, a liderança cristã aceita sem questionar de forma passiva a Bíblia que tem em mãos.

Em 1926 o filólogo Frances, Dom Henri Quentin (1872-1935) disse: “Todos nós somos ignorantes, só que em assuntos diferentes. O cumulo da ignorância é quando alguém tenta defender uma tese sem saber a origem daquilo que defende”.
Quentin, falava dos religiosos fundamentalistas que ao ler o Novo Testamento pensam estar lendo uma cópia exata das palavras de Jesus ou dos escritos de seus primeiros seguidores.
Não temos os “originais” de nenhum dos livros que vieram a compor o Novo Testamento. O que temos são cópias dos originais, cópias de cópias de tantas outras cópias produzidos por copistas influenciados pelas controvérsias teológicas, políticas e culturais de seu tempo.
Os erros acidentais e mudanças intencionais fazem parte destes manuscritos, o que torna a reconstrução das palavras originais impossíveis. Portanto, todos os esforços de interpretação serão inúteis se não temos certeza, de que estamos interpretando o texto correto.
Bart D. Ehrman, Ph.D. em Teologia pela Princeton University e autor do livro “The Orthodox Corruption of Scripture” disse: “Nossos “manuscritos” mais antigos das cartas de Paulo datam aproximadamente de 220 d.C., isto é, cerca de 150 anos depois que ele as escreveu...”
“Após o século IV ou V, cópias dos livros se tornaram muito mais comuns. Na verdade se contarmos todos os manuscritos do Novo Testamento que foram descobertos, temos um número total impressionante. Atualmente, conhecemos cerca de 5.400 cópias gregas de todo ou de parte do Novo Testamento, variando de pequenos fragmentos que cabe na palma da mão até tomos maciços contento todos os 27 livros copilados. Essas cópias vão do século II até, a invenção da imprensa no século XV”.
“... O fato de termos milhares de manuscritos do Novo Testamento não significa por si só que podemos ter certeza de sabermos o que o texto original disse...”
Continua nos esclarecendo Ehrman: “...devo insistir que não é simplesmente uma questão de especulação acadêmica dizer que as palavras do Novo Testamento foram modificadas nos processos de cópia. Sabemos que foram modificadas porque podemos comparar essas 5.400 cópias umas com as outras”. “... Há mais diferenças entre nossos manuscritos do que há palavras no Novo Testamento”. (Bart D. Ehrman, Lost Christianities, Oxford University Press – 2008)
Podemos concluir afirmando que não há duas cópias iguais em suas palavras dos manuscritos existentes.
Você pode passar a vida toda acreditando, de todo o seu coração, que o galo que canta no terreiro de seu vizinho é um cachorro. Mas ele nunca deixará de ser um galo.
É hora de repensar nosso entendimento do que é o Novo Testamento.
Papyrus P66, Evangelho de João 7.32-38, Século II


Nenhum comentário:

Postar um comentário